O lobo curva-se ante Cibele, a te.la, deusa de mel
Um lobo não obedece ao ferro, dobrador de grilos
E ante o fígado de metal incandescente da glória
Vira as costas como a águia em vistas de falcão
Recusa a vitória doando o triunfo ao mar
Só ele enverga países de braços abertos
Ele medita no ventre das mães, e segue
O caminho dos homens até ao último porto
Raramente precisa de resposta e pergunta
Quando a procura é pela harmonia da porta
Pelo incenso vermelho do mar. Só o lobo é capaz
De libertar o escravo e vencer a fome das estrelas
Para o lobo a vitória, a única; é o sorriso ao chegar
Antes, porém, enfrenta os mármores dos carimbos
As noites sonâmbulas dos riscos, sempre de azuis
Os degraus ilusórios dos muitos labirintos de bordo
Os pântanos dos bois secos, dos relógios gigantes
O ponto de interrogação no céu de todas as silhuetas negras
Todos os duelos debaixo da ponte de giz e algodão até o mar
Vencidas as noites de musgo ele encontrará a última morada
Que o acompanhará ao último porto onde poderás ler:
Este atravessou os riffs das autoestradas cinzentas
Terá compreendido a espuma das ondas, a nívea do granito e do sal
Ela gravará o seu nome com o sangue honrado das grandes viagens
Pelo caminho o lobo dá-lhe todo o fio de ouro curvado
Por mais um dia de açucares, pela; o vinho da única magna que o ata
Quando um lobo parte só o murmúrio da única lua vestida de branco
Diz em silencio ao mar
Ele, foi o
Homem
O primeiro, a minha primeira ponte, e último
Presente desta 
Rosa
Martina


Alberto Moreira Ferreira

Sem comentários:

Enviar um comentário