Começamos por habitar uma casa vibrante,
com os quartos cuidados, virados de frente,
e acabamos a viver numa com sono.
Estive sentado ao por do sol aquele tempo todo,
Chamei-te e tu não ouviste,
nem chegaste a saber que me doía o coração.
Não tinhas tempo, tu,
nunca tinhas tempo,
eu entre a vida e a morte tomei alguns remédios,
desejei tanto abraçar-te com as mãos que te dei
quando precisaste e agarraste a carne dos números,
lembro-me bem que tu,
que nunca tinhas tempo,
querias ser livre, já eu,
acabaria por perder a alma,
algum tempo depois por morrer.
Já são sete da manhã, fazes o possível e eu o impossível, ainda me pergunto aonde vamos a fugir.


Alberto Moreira Ferreira

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