Puseste a vida no móvel;
Uma rosa na mesa;
As chaves estão na porta,
do lado de dentro.

O quarto ganhou uma luz nova;
O ano está no fio da navalha;
E eu tenho mesmo de agradecer.
O relógio já não dá horas.

A morte começou finalmente
a desaparecer.
Nem há memória para lições,
da escola da rua
de palha de que já nem te
lembras o nome.

A realidade já não te quer matar;
Tens mais alargadores nas artérias;
O ecocardiograma revelou
muito amor.

Dá-me um jeito ao tapete do corredor;
Traz o vinho, aquele de notas florais;
Precisas de morrer para ser feliz.

Tens a casa bem arrumada;
O desejo que o coração bombeie;
Sabes o que é que está a tocar;
De que é que te queixas


Alberto Moreira Ferreira

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